Ouço a chuva no telhado numa cadência de dilúvio
sinto o escorrer da água pelas telhas
com a mesma intesidade que desliza na pele
e arrepia profundamente o meu peito.
Ouço a chuva no vidro em contínuo murmurar
a vontade de entrar casa adentro
fustiga o pensamento com inebalável cansaço
penetrando no corpo minutos a fio.
Vejo o nevoeiro adensar-se nos prédios em frente
em profunda imersão e sereno pensar.
Que outra hora espero compor
para que o desfecho do dia não seja este?
Quando tudo parece já ter passado
ouço o suspiro profundo da respiração,
se fosse dia era certo o desvanecer da bruma
e o trespassar do sol qual espada flamejante.
Assim, pela madrugada desguarnecida de afecto
a ausência de sons gira vertigimosamente
cria um ritmo interno que pulsa gritando
e, como daquela vez que reaprendi a sorrir,
vibra pleno de emoção e calor.
HJC
21-Out-2009
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